Laboratório Associado RISE “abre portas” ao futuro da investigação em saúde na Universidade de Aveiro

Trabalhos apresentados em nova edição do evento serão, pela primeira vez, publicados em revista científica.
O RISE Day 2025, evento do Laboratório Associado RISE, decorreu no passado dia 29 de outubro, na Universidade de Aveiro, e contou com mais de 160 participantes que, ao longo do dia, debateram os mais recentes avanços na investigação centrada na saúde.
Sob o mote “Bridging Science and Community for Better Health”, Fernando Schmitt, diretor do Laboratório Associado RISE, juntamente com os investigadores Elisa Keating (RISE-Health@RISE/FMUP), Oscar Ribeiro (RISE-Health@RISE/UA) e João Veloso, vice-reitor para as matérias atinentes à cooperação Universidade-Sociedade, abriram as portas da mais recente edição do evento anual desta entidade de investigação.
O futuro da investigação em saúde e em rede
No Auditório do Departamento de Educação e Psicologia, Eugénio Campos Ferreira, da Universidade do Minho, iniciou o debate sobre o capítulo nacional da Coalition for Advancing Research Assessment (CoARA), destacando a participação portuguesa nesta rede e o seu papel na adoção de uma avaliação mais qualitativa da investigação.
Sobre o mesmo tema, Luís Taborda Barata (RISE-Health@RISE/UBI) abordou as dificuldades na adoção do CoARA, especificamente na avaliação qualitativa, mas realçou o papel que esta pode ter na proliferação de uma ciência mais colaborativa. Cristina Jácome destacou a necessidade de “haver um trabalho prévio com a comunidade”, de forma a garantir a adoção colaborativa das propostas lançadas pelo CoARA.
Ainda na sessão “CoARA – Better Assessment Fosters Greater Impact”, moderada por Rita Negrão (RISE-Health@RISE/FMUP), Eugénio Campos Ferreira vincou “ser necessário avaliar quem avalia”, algo corroborado por Luís Taborda Barata, que defendeu “a necessidade de uma discussão operacionalizada para definir qualidade e impacto da investigação”. Cristina Jácome destacou, por sua vez, “a necessidade de valorizar as peer reviews e potenciar a capacidade de escrever CVs narrativos”, de forma a assegurar o sucesso da CoARA em Portugal.
Na primeira sessão científica, Eugénio Gonçalves (RISE-Health@RISE/FMUP) abordou a aplicação da versão portuguesa do Questionário de Resultados de Mão de Michigan (MHQ), processo que tem vindo a desenvolver e que permite avaliar “o impacto funcional” de diferentes lesões, como fraturas e artrite reumatoide, assim como orientar “estratégias terapêuticas mais centradas no doente”.
Rosa Silva (RISE-Health@RISE/ESEP), por sua vez, demonstrou o impacto do envolvimento dos cidadãos na investigação, algo que a investigadora aponta como essencial para desenvolver ciência e “investigação com o cidadão e não apenas para o cidadão”, trazendo “transparência e impacto social na investigação”.
A investigadora Ekta Pandey (RISE-Health@RISE/FMUP) centrou-se na importância de incluir a saúde oral nos sistemas de saúde, debruçando-se sobre o contexto indiano. De acordo com a especialista, apesar da sua importância no dia a dia dos cidadãos, a saúde oral tem um “risco financeiro elevado” nas famílias com baixo rendimento, uma vez que estes cuidados têm uma cobertura baixa no sistema de saúde público indiano, sendo disponibilizados – na sua maioria – em infraestruturas privadas.
Já Joana Coelho (RISE-Health@RISE/ESSNorteCVP) abordou o relacionamento entre paciente e enfermeiro em cuidados de saúde mental e o desenvolvimento de uma enfermagem mais especializada, avaliada através de um novo instrumento que mede a qualidade da intervenção terapêutica na perspetiva da pessoa com doença mental, capaz de assegurar “cuidados centrados na pessoa e uma maior consciencialização sobre a importância desta no processo de decisão relativo aos seus cuidados”.
Uma colaboração para o futuro
No início da tarde, Davide Piccini, da Siemens Healthineers – main sponsor do RISE Day 2025 – abordou o impacto e as ambições que esta entidade tem no desenvolvimento de parcerias entre instituições e investigadores, bem como no apoio a projetos de investigação e respetivo financiamento.
Com visão focada nos cuidados em saúde, Catarina Lopes (CI-IPOP@RISE/ICBAS-UP) deu início à sessão da tarde ao partilhar os mais recentes avanços no diagnóstico gástrico através da expressão genética, processo que, juntamente com a machine learning e modelos preditivos, apoia o diagnóstico precoce da doença e o potencial da saliva para desenvolvimento de biomarcadores.
Já Eduarda Ribeiro (RISE-Health@RISE/FMUP), durante a sua intervenção, destacou os avanços na investigação centrada no cancro, uma das principais causas de morte a nível mundial. A especialista abordou o trabalho que tem vindo a desenvolver para a criação de novas terapias, destacando o reaproveitamento do Levosimendan e do 5-FU, bem como a combinação de ambos, como nova solução para o tratamento desta patologia.
Isabella Bracchi (RISE-Health@RISE/FMUP), por sua vez, abordou o impacto do consumo materno de estévia, um adoçante natural, cujo consumo aumentou 50% nas últimas décadas, sobre a programação fetal da disfunção metabólica, destacando que o consumo materno deste adoçante está associado ao aumento de peso da descendência.
A investigadora Maria Inês Alves (RISE-Health@RISE/FMUP) apresentou o impacto da COVID-19 prolongada na função cardiovascular de pacientes com estenose aórtica, salientando que esta condição parece estar associada a uma pior cardioproteção.
Ao terminar a segunda sessão científica do RISE Day, Ana Charrua (RISE-Health@RISE/FMUP) refletiu sobre os efeitos dependentes da idade do stress de evitação da água num modelo animal de cistite intersticial/síndrome de dor na bexiga.
Uma perspetiva internacional
O RISE Day fechou com a intervenção de Onil Bhattacharyya, da Universidade de Toronto, que abordou as redes de investigação centradas nos cuidados primários, destacando a importância de manter uma ligação próxima entre os cuidados primários e os cidadãos.
A iniciativa contou, pela primeira vez, com distinções às melhores apresentações científicas. Catarina Lopes (CI-IPOP@RISE/ICBAS-UP) venceu o prémio de Siemens “Melhor Comunicação Oral” com o trabalho intitulado “Molecular tool for early gastric cancer detection and surveillance: Developing a novel gene expression signature” e Filipe Rocha (CCUL@RISE/FMUL) foi reconhecido na categoria de “Melhor Poster” através do “Boosting Wound Repair with Low-Dose Ionizing Radiation-Primed Spheroid Therapy: A New Paradigm in Regenerative Medicine”.
Na sessão de encerramento, Altamiro da Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (RISE-Health@RISE/FMUP), Fernando Schmitt (RISE-Health@RISE/FMUP) e Oscar Ribeiro (RISE-Health@RISE/UA) destacaram a importância de “trabalhar e colaborar em rede” e de apoiar a investigação em cuidados primários.
A 4.ª edição do RISE Day contou com o apoio da Siemens Healthineers enquanto Main Sponsor e com o patrocínio da Roche. Os trabalhos científicos apresentados no RISE Day: Bridging Science and Community for Better Health serão publicados na RISE-Health Research Journal.