Entrevista | João Fonseca

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Investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS@RISE), Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) e da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB) da FMUP.

João Fonseca é investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS@RISE) e diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), instituição onde, em 2007, concluiu o seu doutoramento e, em 2015, a sua Agregação. A par da docência e investigação, João Fonseca é médico imunoalergologista e lidera a Unidade de Imunoalergologia do Hospital e do Instituto CUF Porto.

Atualmente, na mesma instituição, lidera a nova Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB) que, de acordo com o investigador, “permitirá o desenvolvimento de novas profissões e novos perfis profissionais que são já necessários, mas cujas formações ainda são relativamente pouco específicas”.

Para o investigador do RISE, o interesse pela investigação surgiu como uma resposta à “necessidade imensa de melhorar muitas coisas, além dos processos de diagnóstico e tratamento, nos serviços de saúde, assim como o desperdício que existia na prática clínica, devido ao facto de os respetivos dados não serem utilizados para a melhoria e para o avanço da medicina”.

Começou o seu percurso académico em Medicina. O que o motivou a escolher esta área?

Desde pequeno que me fascinava a capacidade do médico de ajudar as pessoas. Na sociedade portuguesa, dá-se muita importância à saúde e eu queria ser capaz de melhorar o que não estava bem. Foi essa conjugação entre o ajudar e o melhorar a vida das pessoas, numa área que a sociedade portuguesa valoriza muito, que me fez querer ser médico.

Durante o seu percurso, como surgiu o interesse pela investigação?

A investigação surgiu na minha vida quando comecei a trabalhar como médico. A minha primeira profissão, na verdade, foi a de repórter de congressos médicos, o que também poderá ter contribuído. A investigação surgiu com muita força porque, quando comecei a trabalhar como médico, percebi a necessidade imensa de melhorar muitas coisas, além dos processos de diagnóstico e tratamento, nos serviços de saúde, assim como combater o desperdício que existia, na prática clínica, devido ao facto de os respetivos dados não serem utilizados para a melhoria e para o avanço da medicina. Percebi que tratar cada doente é muito importante, mas que a investigação tem o potencial de melhorar a saúde de muitos mais doentes. Foi essa a minha motivação para pôr a investigação como uma prioridade.

É diretor do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Que desafios surgem ao liderar este departamento?

Globalmente, eu diria que os desafios são a melhoria do departamento, das diferentes áreas técnico-científicas que o departamento engloba. É necessário contribuir e criar condições para que possam evoluir e melhorar, assim como assegurar um ambiente propício ao desenvolvimento das pessoas e das áreas técnico-científicas, ou seja, um ambiente positivo, um ambiente de motivação para todos.

Atualmente, o desafio maior é conseguir efetivar uma grande renovação dos docentes e dos investigadores, que é essencial para o futuro das áreas do Departamento e da FMUP, algo que, felizmente, está a começar a acontecer.

No início deste ano letivo, a FMUP lançou a Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB), da qual é diretor. Na sua perspetiva, e sendo um defensor ativo da inovação na saúde, de que forma é que esta nova licenciatura pode impactar este setor?

Com já várias décadas de trabalho, e tendo nascido e crescido, do ponto de vista académico, neste departamento, era há muito clara a necessidade de formar outros tipos de profissionais ligados ao setor da saúde. Tem sido muito positivo o lançamento da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB), que permitirá criar uma série de novas profissões e novos perfis profissionais que são já necessários, mas cujas formações ainda são relativamente pouco específicas. É cada vez mais necessário existirem profissionais que, por um lado, saibam saúde e que, por outro, tenham conhecimentos em dados e tecnologias digitais, que tenham uma formação híbrida e sejam capazes de formar pontes entre os profissionais de saúde e das tecnologias e da gestão.

Esta licenciatura vai permitir formar um conjunto de profissionais com perfis muito diferentes, nomeadamente nas áreas de dados, da informática e da inovação biomédica, que consigam, de facto, trabalhar em prol da melhoria efetiva dos cuidados de saúde.

Na sua perspetiva, qual a importância da criação de uma Rede de Investigação em Saúde? Que impacto pode o Laboratório Associado RISE ter no setor da saúde e na investigação ligada a esta temática?      

É imensa. A Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica tem, neste momento, mais de 60 parceiros para 40 estudantes, o que parece exagerado, mas é muito necessário. O RISE é um parceiro fundamental porque abrange muitas das áreas de formação da licenciatura, desde a investigação e inovação de translação e clínica à ciência de dados, e tem sido fantástico no apoio que tem dado em diversas iniciativas e, mais recentemente, no “Laboratório de Ideias”, uma iniciativa extracurricular através da qual o Laboratório Associado lançou um grande número de desafios aos estudantes da SauD InoB que foram muito bem acolhidos. 

O RISE é um dos parceiros da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB). Na sua visão, que papel desempenha o Laboratório Associado neste contexto? Qual a importância de esta nova licenciatura contar com o apoio de parceiros tecnológicos e científicos?

Eu acho que é muito importante ter “ferramentas” adequadas para fazer investigação com impacto. O Laboratório Associado RISE pode ser visto como uma “caixa de ferramentas” que permite juntar pessoas diferentes, o que por si só também é um desafio, uma vez que, frequentemente, andamos “em bolhas” e o RISE tem vindo a conseguir algo muito importante: agregar vontades e conseguir concretizar objetivos.